29 de jan. de 2012

Um debate estrategico sobre os partidos politicos numa sociedade dividida em classe

Durante o século XX, foi um período marcado por grandes acontecimentos na luta de classes e onde que a burguesia sentiu – se abalada com acontecimentos como a Revolução Russa de 1917 onde que ela de fato perdeu o poder para os trabalhadores. Não podemos negar que grandes setores de trabalhadores e do povo pobre viam e lutavam por uma alternativa concreta ao capitalismo.  Foi justamente nesse período que se elaboraram varias concepções sobre a direção do proletariado, uns pela direita na qual tinha o objetivo de desmoralizar os trabalhadores colocando que nada adianta se organizar pois sempre estariam na posição de dominando e outras pela esquerda colocando que a crise da humanidade é a crise de direção pois quando os trabalhadores se lançam na revolução sempre vão se chocar com suas direções conservadora que vai cumprir um papel de freio na luta de classes.
Tal período não é tão simples de ser analisado e muito menos podemos cair numa dicotomia (entre quem não está com Stalin está com a direita, quem está com a direita está contra o Stalin), pois não teríamos uma posição de classe assim desarmando o proletariado. Até mais o proletariado teria dois inimigos, o principal seria a burguesia e outro seria as suas direções tradicionais que no momento de levantes do proletariado se juntam para poder salvar o capitalismo e frear as lutas dos trabalhadores, apenas fazendo que o sistema de fome e miséria que é o capitalismo continue jogando assim o proletariado a miséria. Nesse sentido vimos que uma visão de classe é oposta do que uma visão dicotômica.
Importante dizer que com a burocracia Stalinista, a burguesia reforçou sua posição reacionária contra as direções dos trabalhadores. Para aqueles que acham que é uma analise sobre a burocracia stalinista (ou em termos da direita, o socialismo real), é importante dizer que desde que o movimento operário existe e que através das suas demandas se chocam com os interesses da burguesia, as diversas teorias hostis ao movimento operário existem e muitas destas foram elaboradas contra a suas respectivas direções. É através de uma analise histórica da luta do movimento operário que vimos qual é o interesse da burguesia por trás destas teorias.
Isso se expressa no próprio século XX. Enquanto a burocracia Stalinista que estava comandando o Estado soviético tinha como tese a revolução num só pais, fez com que a URSS fizesse uma coexistência pacifica com o imperialismo. Isto teve sua expressão mais clara no pacto de YALTA onde a burocracia stalinista e o imperialismo sentaram para dividir o mundo (ou seja, setores do imperialismo, a burocracia soviética não fazia nada e setores da burocracia soviética o imperialismo não faz nada). Desde as mobilizações do maio de 68 da França, até a primavera de praga foi massacrados e freados pela burocracia stalinista com o objetivo de manter esta coexistência pacifica entre a burocracia soviética e o imperialismo, mas por sua contrapartida tais mobilizações assim como outras incentivou o ativismo fazendo com que a inicio se organizassem para propor alternativas para os trabalhadores e o povo pobre.
Para a direita, qualquer direção dos trabalhadores seria uma espécie de demagogos e oportunistas que querem influenciar uma massa considerada como criança por ideologias perigosas ou em vez de fazer com que elas assistam novelas (assim reproduz a sua vida miserável). Por sua vez é colocado que se os trabalhadores se organizarem, vão ter que criar uma elite dentro desta organização e quando tomar o poder esta elite vai comandar portanto os trabalhadores e o povo pobre sempre vão ser submetidos a posição de dominados e nunca vão conseguir se emancipar.
É a mesma direita que olha até hoje os trabalhadores como ‘’uma classe perigosa que ameaça os interesses e a paz da nação’’ e para muitos é necessário proibir os partidos e sindicatos que representam a classe trabalhadora. A mesma direita coloca e ironiza como uma utopia e infantilidade qualquer alusão democrática (os que fazem isso são os mesmos que apoiaram e tiveram ligações direta com o fascismo e o nazismo)  é a mesma que submete os trabalhadores a burros de cargas, pessoas fugazes que merece ser destituída de qualquer direito democrático e muito menos terem qualquer voz dentro da sociedade.  
Podemos ver algo parecido com o que acontece na luta dos moradores do Pinheirinhos em São José dos Campos. Os moradores são colocados em uma posição de criança portanto destituídos de vontade própria enganados pela sua direção, que prometem que se lutarem vão ter uma casa para morar. Para a burguesia, o fato dos moradores lutarem por uma casa já é uma promessa infantil que não merecer ser nem escutada ou seja demonstrando que o capitalismo não pode oferecer um mínimo de condição material para os trabalhadores viverem (o que passaria ter uma casa), pois afetaria ‘’o mercado’’ portanto não merece ser atendidas e sim reprimidas.
No programa de transição da Quarta Internacional, Trotsky colocava que os revolucionários devem estar na linha de frente contra a intervenção estatal nos sindicato dos trabalhadores. A burguesia quando vê que seu aparato está sendo insuficiente para frear as lutas dos trabalhadores, ela tem que destruir os sindicatos dos trabalhadores, mandando prender, perseguir e até matar seus dirigentes. Na Alemanha de HILTER, os comunistas eram o setor mais perseguido pelo nazismo, onde muitos foram presos e mortos nos campos de concentrações e no Brasil na época do regime Varguista, os sindicatos foram atrelados ao Estado e o ministério do trabalho e as suas direções tradicionais (vindo do anarquismo, do PCB e em menor parte Trotskistas) eram perseguidos e mortos sendo substituído por direções que conciliatória. Destruindo as suas organizações sindicais e políticas, a burguesia conseguia frear a luta de classes e assim estabelecendo através de ‘’mão de ferro’’, ‘’a ordem e a paz para a nação’’.
A visão da esquerda através de Trotsky.
Por sua vez, existe a visão de esquerda  elaborada através de Leon Trotsky que é uma alternativa aos trabalhadores e o povo pobre não permitindo que sejam desarmados por visões dicotômicas (se não está com Stalin, está com a burguesia, se está com Stalin está contra a burguesia). Trotsky é fruto do seu período histórico, na qual o líder do exercito vermelho corretamente fez um balanço da época que viveu e elaborou uma teoria sobre a crise da direção revolucionaria do proletariado no qual o revolucionário Russo se fundamenta para criação da Quarta Internacional dos trabalhadores. Mesmo que o principal inimigo do proletariado tente – se legitimar através dos erros das direções tradicionais (que também são inimigas do proletariado), ela necessariamente precisa esconder todo legado de Trotsky e assim reduzindo a sua luta contra Stalin apenas uma luta para quem comanda a maquina burocrática do Estado.
No programa de Transição, Trotsky colocava que a situação da política mundial em seu conjunto caracteriza – se principalmente pela crise histórica da direção do proletariado.  Corretamente o autor fala que a dinâmica do capitalismo é formado por crescimentos econômicos e crises, assim repetindo. Na sua época o mundo encontrava – se numa crise econômica e em guerra entre as potencias imperialistas fazendo com que as contradições entre a sociedade estourasse abrindo a possibilidade de revolução social. Na Rússia os trabalhadores conseguiram tomar o poder, porém em outros países que os trabalhadores não derrubaram o capitalismo.
Contra a tese menchevique onde que a direção responsabiliza os seus erros nas massas e a tese de que o capitalismo por si só sucumbira, Trotsky utilizando de Lênin, Marx e Engels conseguia responder esta problemática. Ao polemizar com os economicistas, Lênin ao colocar a importância da luta política dizia que não existe ação revolucionaria sem teoria revolucionaria ou seja é a criticas das armas se transformando em armas da critica, pois para mudar a realidade dada é através apenas da  práxis revolucionaria. É preciso de uma teoria que questionasse, assim dando uma resposta através de todos os problemas da sociedade na sua raiz e isso significa buscar respostas radicais para os problemas enfrentando.
Por sua vez, as direções tradicionais do proletariado cumpre um papel de freio nas suas lutas impedindo o seu avanço. De acordo com próprio Trotsky no programa de Transição, toda vez que o proletariado lança – se incessantemente ao caminho da revolução ele se choca com seus aparatos conservadores. Portanto a orientação das massas está determinada, pela as condições objetivas do capitalismo e pela política de traição das velhas organizações operarias, sendo que a pratica política destes velhos aparatos não poderão deter a vontade do proletariado.
Trotsky corretamente extraiu balanços da realidade. De acordo com ele, o proletariado espanhol desde abril de 1931, fez uma serie de tentativas históricas para tomar suas mãos o poder e a direção do destino da sociedade, mas os seus partidos (social democrata, stalinista, anarquista e POUM), cada um na sua maneira atuou como freio e assim se preparou o triunfo de Franco. A poderosa onda de greve com ocupação de fabrica demonstrou que o proletariado estava disposto a derrubar o sistema capitalista, porém Stalinistas, Socialistas e sindicalistas através da frente popular conseguiu deter a maré revolucionaria e nos Estados Unidos o proletariado esteve a altura frente aos seus desafios históricos mas foi freado pela suas organizações dirigentes e o CIO que fizeram de tudo para poder frear a ofensiva revolucionaria das massas.
As conseqüências mais grave que fez o proletariado pagar caro pelo os erros de sua direção foi na Alemanha e na Itália. O Partido Comunista na Alemanha tinha uma enorme força e simpatia pelo proletariado alemão, na qual estava no controle de vários sindicatos e tinha cadeiras parlamentares e no momento de crise onde o país encontrava – se devastado e na fome existia uma enorme disposição revolucionaria, mas o fato do maior partido comunista não der dado nenhuma luta  desmoralizou grandes setores de trabalhadores e permitiu que HILTER crescesse (não travando combate com o partido nazista) e na Itália onde que os operários ocuparam as fabricas advertindo as suas direções tradicionais que não atendeu e com isso fez com que o fascismo vencesse. Em momento onde que se abre a possibilidade histórica de revolução, se faz necessário a existência de um partido revolucionário que esteja a altura da tarefa históricas que os operários tem a cumprir.
Em momentos de radicalização da classe operaria e do povo pobre, muitos destes setores perdem a ilusão e rompem com suas antigas direções e começam se organizar e ter simpatias pelas as idéias comunistas e em períodos de refluxo onde que a classe operaria vai a direita, as antigas direções se fortalecem. As organizações revolucionarias por representar os interesses histórico dos trabalhadores, são declaradamente inimigas da burguesia pois os interesses dos operários e da burguesia são inconciliáveis e através do partido revolucionário  onde que os trabalhadores se organizam e se lançam por seu objetivo histórico que é derrubar a burguesia.
Sobre o direito democrático dos operários e o povo pobre  em se organizar em partido político.
Os operários, os camponeses e o povo pobre tiveram que travar uma luta dura para ter o direito democrático de se organizarem tanto em sindicatos e em partidos políticos, pois a organização dos trabalhadores e do povo pobre era proibida. Podemos ver que em diversos períodos da historia desde o nazismo, o fascismo e as ditaduras militares da America Latina, o primeiro ataque da burguesia foi retirar o direito dos operários e do povo pobre de poderem se organizarem politicamente. No Brasil e em muitos lugares do mundo é conhecido (constitucionalmente)  o direito do trabalhador  poder se associar em organizações sindicais e políticas e poderem se expressar politicamente. Na USP quando os estudantes ocuparam a reitoria no ano passado, primeiro ataque da mídia burguesa foi contra as organizações políticas que estavam participando (LER-QI, MNN, PCO, POR e NA PRAXIS) e com a sua especificidade, no Pinheirinho podemos ver ataques ao PSTU e aos seus dirigentes.
Apesar da sua teoria não ter como objetivo romper com o sistema capitalista, Robert Dahl coloca da necessidade do individuo poder se organizar politicamente para ter seus interesses representados. Porém como o Estado é burguês, ele vai permitir que setores da burguesia se organizem em partidos políticos mas sempre como a classe burguesa tem interesses inconciliáveis do proletariado ela sempre vai agir com hostilidade o fato dos trabalhadores e do povo pobre se organizarem politicamente para lutar pelo seus direitos e principalmente  cumprir com seus objetivos históricos. Portanto diversas elaborações teóricas da burguesia na qual trata as massas como ‘’crianças’’ manipuladas pelas suas direções, visam o objetivo de defender a propriedade privada e seus lucros a custa do sangue dos trabalhadores que é hostilizado por poder se organizar politicamente.
‘’O interesse da nação’’ = interesse da burguesia em poder obter altas taxas de lucro.
Para poder legitimar os interesses da burguesia, o Estado burguês coloca os seus interesses da classe dominante como se fosse de todos. As pessoas que defendem esta tese, acreditam que  o Estado não está para poder servir os interesses dos ricos e dos pobres mas sim o interesse de todos ou da Nação, portanto a política não tem que estar voltada para nenhumas destas classes e sim para toda sociedade. Vivemos numa sociedade de classes cujo os interesses são inconciliáveis e estas classes se organizam em partidos políticos que representam os seus respectivos interesses. Embora todos burguesia coloquem que as suas organizações defende os interesses da ‘’nação’’ para poder ser legitimado os seus interesses perante as classes dominadas, o termo partido político significa o que está sendo representados não é o interesses de todos e sim a vontade política de uma parte da sociedade.
Se o Estado burguês coloca a sociedade dividida em classes em indivíduos dispersos, assim legitimando os interesses da classe burguesa perante os dominados colocando como se fosse o interesses de todos, os ataques as posições ‘’partidárias que não trazem nenhum beneficio a nação’’ é claramente contra os partidos operários que defende os trabalhadores não tenham que ser explorados pela burguesia. Um exemplo bem claro é a propaganda eleitoral privatista de Fernando Collor de Mello, onde que iria ‘’combater os marajás’’ em defesa dos pés descalços ou seja o ex presidente a afirmar que ao desmontar o setor públicos assim retirando os direitos dos trabalhadores e do povo pobre, sob a desculpa que o setor publico é uma área onde que se tem muito privilégios e consome muito gasto ele estaria representando os pés descalços.
Se depender da burguesia, os trabalhadores e o povo pobre teriam só como direito político votar em dois candidatos que representam as diferentes frações da classe burguesia que entrariam numa disputa concorrencial para poder se eleger. Após quando uma coligação se eleger, os trabalhadores e o povo pobre teriam que ficar calados sem poder contestar (no caso não poderia nem mandar uma carta para o seu suposto representante), pois não seria competência  para poder administrar o estado,  deixando para as pessoas mais ‘’cultas’’ ‘’e com  mais capacidade ‘’ para gerir a maquina estatal. Esta mesma tese que afirma que a vontade dos trabalhadores e do povo pobre já são distorcidas, pois estes setores são manipulados e portanto o suposto representante em que os trabalhadores votaram não poderiam atender suas demandas.

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