Embora seja antigo tal artigo, ele é bem atual pra entender a realidade da PUC ...
Na Audiência Pública com o Consad, realizada no dia 14/9, podemos constatar que houve dois mundos antagônicos e de interesses bem distintos um do outro e que isso nada mais é que um reflexo da situação em que a universidade vive atualmente.
O mundo da fantasia controlado pela Reitoria, Fundação São Paulo e os bancos é totalmente alheio ao mundo real. Neste mundo da demagogia, do sofismo, as coisas vão bem, os professores são bem pagos e respeitados, existem bolsas, terá metrô, o MEC deu cinco estrelas para a universidade e o mais cômico de tudo existe democracia dentro da PUC-SP.
O mundo real é o mundo dos professores, funcionários e estudantes que têm de aguentar constantes ataques vindos deste alheio mundo da fantasia. É o mundo das mensalidades altas, dos cursos sucateados, dos estudantes que não podem estudar na PUC-SP porque estão sem pagar, o mundo da vergonha da terceirização, do acordo individual dos professores, da SAE e principalmente da falta de democracia e da Igreja cumprindo o papel que ela sempre cumpriu historicamente.
A realidade mostra que o discurso do Consad é uma falácia. Enquanto o nosso magnífico reitor fala que as mensalidades altas servem para pagarem bem os professores, na verdade existe uma falta de professores e os docentes da PUC-SP estão vivendo uma triste realidade da maximização e dos contratos sucateados. Enquanto o Consad fala que tem bolsa, na verdade não tem. Enquanto eles insistem em falar da filantropia da universidade, na verdade existem altas mensalidades que a maioria da população brasileira não consegue pagar. E quando os burocratas da reacionária igreja católica falam que existe democracia e que polícia é coisa da gestão Maura Pardini Bicudo Véras, o Dirceu de Mello foi conivente com os processos contra os alunos que ocuparam a Reitoria em 2007. Imposto pela burocracia da PUC-SP, a Reitoria mandou um mandado judicial contra um integrante do Centro Acadêmico de Ciências Sociais, cortou as verbas destinadas para a APROPUC, da falta de liberdade de crítica e expressão como a dificuldade imposta pela burocracia de fazer divulgação política (como colar cartaz e panfletar) e de usar o conhecimento acadêmico para defender direitos básicos como a legalização do aborto.
Eu queria nesse texto destacar a sensibilidade de um dos membros do Consad e que na audiência isto não foi respeitado. Uma pessoa que mantém uma mensalidade de mais de 1000 reais, excluindo os trabalhadores e o povo pobre de entrarem na universidade não tem moral nenhuma para falar em respeito e gostaria que ele demonstrasse de fato essa sensibilidade com os professores, funcionários e estudantes. E também quero destacar do Consad as muitas manobras feitas. Na audiência estes prometeram poucas coisas e esperamos que estas poucas promessas sejam feitas de fato.
A farsa de tudo isso foi na hora em que os ''interesses da instituição tem que vir em primeiro lugar'' e com isso a dívida da PUC-SP tem que ser paga. Atrás desse mundo de ilusão onde na cabeça do magnífico reitor encontramos uma universidade perfeita, esse ponto mostra que se depender dele os interesses da igreja e dos bancos prevalecerão contra os interesses da comunidade puquiana e, principalmente, uma educação de qualidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre.
Uma coisa concordamos com os burocratas: a Audiência Pública serviu para aprender e de fato os estudantes, professores e funcionários aprenderam algo. Eles aprenderam que não se pode confiar no Consad, na Reitoria e na Igreja, pois estes só visam atacar a comunidade puquiana.
A situação da PUC não pode continuar assim, pois quem tem a perder é a comunidade. É mais do que necessário que as pessoas da audiência levem a discussão para outros e, mais do que nunca, é necessário que os professores, estudantes e funcionários se organizem a partir de suas salas, dos seus centros acadêmicos, de suas associações e de cada setor específico da universidade. Pois é com organização e muita LUTA que iremos mudar esta situação tão desfavorável à comunidade.
Artigo publicado no dia 03/10/10 no jornal PUCViva (APROPUC e AFAPUC)
http://www.apropucsp.org.br/apropuc/index.php/fala-comunidade/3118-o-mundo-da-fantasia-e-o-mundo-real
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