29 de jul. de 2011
Já Basta ! Nenhuma sala vai fechar
É impressionante como, de fato, funciona o discurso da burguesia em relação ao mérito. Para o trabalhador ter uma qualidade de vida melhor ou não ser demitido ele precisa ser esforçado. Em nossas famílias nos falam, desde criança, que se você quiser uma coisa você tem que fazer por merecer. É a condição que temos que enfrentar para poder entrar numa universidade. É o discurso dominante que muitas vezes é passado como natural, verdadeiro, "sempre foi assim" e quem questionar é considerado um estranho.
O Consad votou neste último período o fechamento das turmas que tiverem menos de 15 pessoas, se for em um período só. Se forem dois períodos as salas que tiverem menos de 25 não existirão mais. É engraçado que a classe dominante, em prol dos seus interesses, sempre entra em contradição. O estudante pode até ter se esforçado para entrar na PUC, mas quando se diz respeito ao lucro da instituição isso não é muito levado em consideração.
Não podemos cair nesta ideologia demagoga e a partir daí querer idealizar um sistema perfeito, pois ele não existe de fato. É repudiável pensar que os ricos chegaram lá porque se esforçaram (como se fosse um objetivo a ser alcançado) e que os trabalhadores e as camadas pobres são preguiçosos ou de acordo com os dominantes,"a escoria da humanidade''. Essa lógica é perversa quando pensamos que é o mesmo vestibular um filtro elitista que exclui a maioria da população que é formada por trabalhadores, filhos de trabalhadores e classes populares.
Educação não pode ser pensada nesta lógica, pois ela é um direito que tem de ser assegurado para todos e o que o Consad pretende fazer é passar por cima deste direito impedindo que muitas pessoas possam concluir o seu curso. Ai é a seguinte lógica: procure outra universidade, não desista e faça por merecer para entrar em outra faculdade e conseguir concluir seu curso. Como a educação é um direito, não vai ser o mérito que vai assegurá-lo e sim a partir de muita mobilização e luta.
O Consad é guiado pelos interesses e lucros dos bancos que vêm com muito interesse a dívida da PUC. Este interesse mesquinho é alheio, repudiável e tem que ser combatido pela maioria da comunidade que movimenta a universidade. Pois bem, se é para pagar a dívida, a Igreja Católica tem muito dinheiro e que ela pague, então.
É necessário que o movimento estudantil saia desta apatia, não rebaixe as demandas dos estudantes e que trave uma luta consequente contra a Reitoria para colocar basta de uma vez por todas a esta palhaçada que um grupo alheio da maioria da comunidade nos impõe. Infelizmente, este mesmo movimento estudantil não entendeu que não se pode confiar no reitor e deu continuidade ao erro da desocupação da Reitoria no ano passado com a ilusão de que se os estudantes saíssem da Reitoria o Dirceu iria atender as nossas demandas. Não foi isso que aconteceu e espero que aprendam esta lição para não repetirem esse erro.
É preciso ter unidade dos estudantes combativos que não aceitam o que está acontecendo. Que as correntes e Centros Acadêmicos discutam as suas divergências e dêm voz a todos que lutam contra o Consad e a Reitoria. Precisamos de uma aliança com os professores e principalmente com os funcionários, unificando os setores efetivos com os mais precários, pegando como exemplo a prática de um setor combativo no movimento estudantil na USP que está do lado dos trabalhadores terceirizados na luta pela sua efetivação.
Os estudantes na ocupação de Reitoria do ano passado demonstraram a sua combatividade e esforço e podem mudar esta situação. É necessário que vocês levantem as suas cabeças e lutem contra tudo que está acontecendo, pois só assim poderemos mudar esta situação desfavorável a nós, professores e funcionários. Antes de tudo é o nosso direito de estudar que esta em cheque
Artigo publico no PUCViva (Jornal da APROPUC e a AFAPUC) dia 20/05/2011.
http://www.apropucsp.org.br/apropuc/index.php/fala-comunidade/4087-ja-basta-nenhuma-sala-vai-fechar
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