O professor Décio Saes que
leciona na Unicamp no seu pequeno livro intitulado democracia, temos uma valiosa definição sobre a democracia. Para combater a visão da democracia ‘’como valor universal’’, ele sugere uma
teoria histórica da democracia onde se deve analisar a relação entre as classe,
o modo de produção, se tal termo pode ser utilizado em outros períodos
históricos, a sua época histórica, quem pertence o Estado, seus autores que elaboram
e para quem serve a democracia. Como exemplo histórico, ele utiliza o caso da
Grécia dos filósofos e sofistas, onde
num debate o oponente que perdia poderia sofrer agressões físicas e até morrer,
algo que na teoria hoje seria inconcebível.
Ao contrário daqueles que pregam que o capitalismo é natural,
portanto é impossível ter uma transformação radical da sociedade, podemos assim
dizer que o Décio Saes acredita que é possível um novo modelo de democracia. Se não ignorarmos a importância que tem a historia,
tanto é que os grandes capítulos podem se repetir como farsa, na França em 1938
considerada o bastião da ‘’democracia’’, com o acirramento da luta de classes
ela podia ter os mesmos rumos que a Alemanha de Hilter e na Itália de
Mussolini.
Quando falamos na atual
democracia, existe uma grande contradição. A burguesia quando ela assume o
posto de classe dominante assumindo o controle do Estado, ela teve um caráter
anti democrático vide os autores da época que escreveram sobre a democracia.
Como por trás da democracia burguesa, existe por trás uma sociedade dividida em
classe portanto a burguesia viu que podia utilizar deste regime para a sua
dominação de classe ou seja um melhor meio para poder legitimar seus interesses
de classe perante todos os dominados.
Vivemos uma sociedade dividida em
classes, onde temos a burguesia com o seu pensamento de querer acumular cada
vez mais e o proletariado que só quer deixar de ser explorado. Frente essa
contradição, podemos dizer que o mal do intelectual é querer achar que podem
estar acima desta contradição que existe na sociedade mas no fundo ele pode
estar a serviço da classe burguesa como autores como Keynes (‘’na luta de
classes, estarei no lado da burguesia culta e educada) ou do lado do
proletariado como demonstrou estar o marxismo.
Portanto uma vez que o Estado é
burguês, fica impossível para que ele represente o proletariado ou qualquer
outro setor oprimido da sociedade e
muito menos que estes tinham poder igual decisão politica do Estado. Ao menos
que pretendemos criar uma ‘’vontade coletiva’’, onde que todos tenham
participação e elaboração para a politica de um bem comum, mas mesmo assim
teria mecanismos de legitimar os interesses da classe dominante (principal
dele, o poder econômico) até mesmo porque esta mesma teria mil mecanismos para
poder restringir a participação dos trabalhadores e do povo pobre.
É papel do Estado burguês fazer
com que os trabalhadores e todo povo pobre aceitam em os interesses da
burguesia e passam ver os interesses da classe dominante como interesses de
todos, colocando ‘’os indivíduos no seus
devidos lugares da sociedade’’. Tal
consenso pode ser dado através de alguma concessão, ou através da violência de
classe da burguesia, mas ao mesmo tempo que o Estado utiliza desta pratica para
a dominação este tem que cumprir o papel de frear a luta de classes e o fato de
ter dois interesses antagônicos e inconciliáveis faz com que esta base que a
burguesia tem seja bastante frágil. Em
momentos de acirramento da luta de classes e da crise econômica, nem sempre a
burguesia opta por dar concessões para se manter no poder mas sim abrir um
regime de guerra permanente contra os trabalhadores e o povo pobre destruindo
suas organizações e perseguindo suas lideranças.
Quando tratamos de partido
político, como próprio nome diz falamos de um parte da sociedade organizada. Se
a sociedade está dividida em classe, logo podemos pensar que o partido político
é uma determinada classe organizada buscando os seus interesses. A maioria dos
partidos do Brasil representam as diferentes frações da burguesia organizada em
torno de seus interesses políticos, o proletariado por sua vez precisa alcançar
uma estratégia para poder cumprir sua tarefa histórica em derrubar o sistema
capitalista.
Os modelos de organização por sua
vez estão extremamente ligados a estratégia e os interesses de classes.
Lembrando que a estratégia nada mais representa do que, os interesses de uma
classe sendo conduzido até o final.
Outro ponto que iremos tratar mais pra frente no texto é o importante
fato que a classe operaria poder criar seus próprios mecanismos de
auto-organização, mas para isso ela precisa de espaços democráticos para ela
passar por experiências concretas para ver qual estratégia que levara ela a
tomada do poder e a derrubada do sistema capitalista.
Quando falamos de estratégia,
temos que levar em consideração os 150 anos do movimento operário e as suas
experiências mais avançadas. Justamente o fato, de que não podemos começar do
zero é que a revolução russa ganha a sua importância pois se trata da primeira
revolução que o proletariado tomou o poder e junto com a comuna de paris, as
experiências mais avançadas que a classe operaria teve ao longo da sua historia
de luta.
Se a historia é contada pelos
vencedores, como dizia Benjamin vale a pena resgatar a versão de autores como
Victor Serge e Leon Trotsky sobre a revolução.
No ano um da revolução russa, Serge autor e militante que vivenciou o
processo da revolução russa conta em detalhes a politica de invasão e anexação
imperialista contra a união soviética, a politica de terror pelos brancos com
fatos de que furavam os olhos dos mortos dos operários bolcheviques e
arrastavam pela rua e desde politica de terrorismo vindo por parte de ex
anarquista contra Lenin e Trotsky.
O que existia na época era um
verdadeiro medo em relação aos
‘’truculentos’’ bolcheviques, pois esta mesma burguesia que dizia estar
perplexa ‘’o que aqueles criminosos
dirigidos por Lenin e Trotsky estavam fazendo na Rússia’’, era a mesma que
estava numa guerra que viria ser mais tarde uma das guerras que causou mais
mortes ao longo da historia. Portanto o
que os autores revolucionários tiraram com lição, a mesma que Marx tirou após o
massacre da comuna de paris é que a burguesia não largaria o poder tão
facilmente e com isso teríamos que impor a vontade do proletariado através das
baionetas.
Essa historia dos trabalhadores e
todo povo pobre russo que aprendeu a enfrentar contra opressão do czarismo, de
nada tem haver a politica nefasta do stalinismo que matou a vanguarda do
partido bolchevique inteira, substituindo –os por carreiristas, funcionários,
antigos mencheviques e sociais democratas. Este pressuposto é fundamental para
entender por exemplos reivindicações da primavera de praga, onde estes queriam
voltar para o verdadeiro socialismo e retomar Marx e Lenin.
O stalinismo ao contrario do
marxismo, não pretendia fazer com que os trabalhadores organizassem através da
base, em conselhos onde estes decidiam os rumos da sua própria vida mas sim a
direção se organizava numa cúpula separada da base onde demonstrava ter ainda a
diferença entre dominados e dominantes. Tanto é que uma das principais tarefas
que o Marx, Lenin tinham era a abolição da sociedade divida em classe e assim a
abolição do Estado, algo que a burocracia manteve esta divisão entre oprimidos e
opressores e o seu Estado contra os
trabalhadores e o povo pobre da União da republicas soviéticas.
Outro ponto para entender o que
aconteceu na união soviética, é o fato de que ela sozinha seria incapaz de
sobreviver e por isso precisava de ajuda que a revolução em países como a
Alemanha triunfasse. Como sabemos a revolução na Alemanha não foi vitoriosa,
abrindo caminho para a politica stalinista de revolução em um só pais, onde que
para além de isolar a Rússia incapaz de lidar com as grandes e poderosas
potencias imperialistas abria caminho da burocracia stalinista a ter uma
politica de coexistência pacifica com as grandes potencias burguesas.
A politica que o PCUS levou para
os partidos comunistas de todo mundo é que estes cortassem a possibilidade de
revolução social, com politicas de alianças com setores da burguesia
‘’progressistas’’, tanto com a politica de apertar os cintos quando que a
realidade exigia ao contrario de apertar os cintos era necessário andar no
ritmo acelerado do processo revolucionário e a politica de giros tanto em
cantão com os atentados terroristas, tanto na Alemanha na comparação da Social
Democracia com o Fascismo.
O Stalinismo não representava os
trabalhadores soviéticos, muito menos era uma casca vazia sem nenhum conteúdo
dentro, mas era fruto da pressão da burguesia imperialista contra a União
Soviética e que respondia os interesses dos camponeses ricos e de alguns burgueses nacionais que haviam perdido a sua
propriedade. Tal politica demonstrou – se a clara com o pacto de Yalta e de
Postdam, onde países que pertenciam a burguesia o stalinismo não intervinha e
países que pertenciam ao stalinismo, a burguesia não intervinha.
Os trabalhadores e o povo pobre
russo, que tinham aprendido a enfrentar contra a opressão czarista se conformou
com o fato de ter alguém que sempre manda. Esta mesma população que estava
aprofundada na miséria, na ignorância, de não se apropriar dos meios de
produção para que aconteça a rotatividade e não permitindo o encastelamento de
nenhum setor da União das Republicas Soviéticas.
Por fim a politica que os
Partidos Comunistas tinham de fazer intrigas, de não fazer debates sérios na
base permitindo que esta busquem uma estratégia pra dar respostas a realidade,
de ‘’não querer ser incomodado’’ pelas as polemicas e a realidade escondiam
este erro nefasto que resultou numa importante vitória para a burguesia
mundial. O proletariado em momentos de levantes criam seus mecanismos de
organização, onde as discussões e as decisões são tomada pela base, onde que
seja espaços auto – organizados pelos os trabalhadores e que estes tenham
escolha de tomar os rumos da sua vida e que cumpram uma função para além da
luta de classes e que organizem a sociedade após a queda do capitalismo.
Por fim, a economia capitalista
caminha através de crises e crescimentos econômicos. O capitalismo nasce,
cresce, desenvolve, definha mas não morre pois precisa da ação revolucionaria
dos trabalhadores e todo povo oprimido para poder conseguir alcançar dar
resposta a crise econômica que afeta vários países da Europa e do restante do
mundo. Reivindicar e lutar pela armas da criticas é fundamental para que se
tenha a critica das armas, portanto somente com uma práxis revolucionaria que
podemos transformar a sociedade pela raiz.
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