5 de jul. de 2012

Belém podia ser um importantíssimo polo contra o governismo e o seu ‘’projeto de pais’’ , mas o PSTU prefere se aliar aos governistas do PC do B


Belém foi uma das cidades, onde que se questionou o crescimento econômico que o governo de Lula e Dilma tanto embelezavam. Os trabalhadores de Belo Monte que entraram de greve, assim como os trabalhadores de Jirau questionaram tal ‘’projeto’’ na qual a burguesia aumenta sua taxa de lucros monstruosamente. As eleições de Belém neste marco poderia cumprir um papel que para além de denunciar a democracia burguesa, citar em alto e bom som os males que o capitalismo trás poderia também agitar um programa em que buscasse a independência de classe dos operários  de Jirau e fazer com que todos setores que são contrários a construção da Usina se aliasse a este setor que é o único capaz de barrar a construção da usina.

Porém a  direção nacional do PSTU acaba de soltar no seu site (partido que diz estar a frente neste processo), uma nota justificando uma coligação eleitoral para as eleições de Belém com o PSOL e o PC do B. Esta coligação de acordo com o site do PSTU será formada pelo Edimilson candidato a prefeito pelo PSOL, Jorge Panzera candidato a vice prefeito pelo PC do B. De acordo com o próprio site as candidaturas prioritárias seria de Marinor Brito do PSOL e de Cleber Rebelo ligado ao próprio PSTU.

De acordo com o site, a direção nacional do PSTU afirma : ‘’ A candidatura de Edmilson Rodrigues canaliza hoje um sentimento de oposição de esquerda ao governo federal e também de experiência com a prefeitura do PSDB, que levou a cidade à beira da destruição. Edmilson, que já foi prefeito de Belém por dois mandatos, está hoje em primeiro lugar nas pesquisas e conta ainda com ampla vantagem em relação ao segundo colocado. Algumas pesquisas apontam 37%. Na classe operária, que tem grande simpatia por Edmilson, esse percentual é ainda maior. Apoiados nessa coligação e na projeção que tem Edmilson, queremos potencializar ainda mais a agitação de um programa revolucionário na cidade, o que se expressa hoje em nosso slogan “Belém para os Trabalhadores”. A coligação também aumenta as chances de eleger um operário socialista e revolucionário para a Câmara de Vereadores: Cleber Rabelo, trabalhador da construção civil e dirigente do PSTU no estado. Queremos aproveitar a campanha ainda para fortalecer nosso partido, filiando muitos novos operários e trazendo-os para militar conosco. Ou seja, nossos objetivos nessa coligação são os objetivos tradicionais dos revolucionários, quando estes participam do processo eleitoral. Os operários da construção civil, colegas de Cleber, entenderam o recado e já estão se organizando para fazer uma forte campanha’’ (site PSTU).

Esta afirmação do PSTU tem vários erros gravíssimos . O primeiro erro do PSTU, em vez armar este ‘’sentimento de oposição de  esquerda’’ com uma estratégia para mostrar o caminho correto que os trabalhadores e o povo pobre deverão seguir, os seguidores do Moreno acabam semeando ilusões deste setor que nutre ‘’um sentimento de oposição de esquerda’’ nas instituições que estão a serviço da burguesia de que se votar Edimilson será a resposta dos principais problemas da cidade que atinge os trabalhadores e o povo pobre.

Quando a direção nacional do PSTU afirma da confiança dos trabalhadores e da população pobre de Belém mantém confiança em Edimilson, este se esquece que tal confiança não mantém base solida e isso se deve porque como se trata de um partido como PSOL, que tem como objetivo se tornar um partido dentro da ordem.  Para além disso, há um embelezamento das direções reformistas e como consequência isso ilusões na atual democracia burguesa.

Isso não significa por sua vez, que não devemos participar das eleições burguesas. Devemos cumprir um papel de denunciar as eleições, dizer para todos os trabalhadores e oprimidos como é votado as leis, denunciar a farsa da democracia burguesa e principalmente fazer agitação de um programa revolucionário para todos os trabalhadores.  As eleições são um meio tático na qual é fundamental ter estratégia correta e para que isso ocorra, é necessário ter como eixo principal a independência de classe. Um dos exemplos de que como os revolucionários devem participar nas eleições é na Argentina, onde que a Frente de Esquerda foi formada pelo PTS, PO e IS onde estas organizações atuam lado dos trabalhadores convencendo sob os métodos da luta de classe os trabalhadores e todo os setores explorados da argentina de que essa é a estratégia correta para se seguir.  Com esta estratégia correta, a FIT conseguiu eleger uma bancada parlamentar operaria e revolucionaria em Neuquén.

O que a direção nacional do PSTU se esquece é que  principal objetivo dos revolucionários  eleições burguesa  é fazer com que os trabalhadores e os setores oprimidos da sociedade, percam ilusões nos métodos da democracia burguesa e principalmente nas suas instituições. Para a direção nacional do PSTU é mais importante ter uma concepção oportunista de fazer a organização crescer, sem preocupar que os militantes tenham acordo com o programa e a estratégia da organização, abrindo contradições no PSTU e fazendo com que a base não sinta confia em na sua própria direção.

Algumas considerações deverão ser feitas. Trotsky no livro Revolução e Contra Revolução dizia que os acordos eleitorais que são feitos, favorecem sempre o partido Social Democrata e nunca o Partido Comunista. Portanto deve se concluir que assim como em 1994, 1998 e o final do segundo de 2002 quando PSTU se aliou ao PT, até mesmo quando tal politica se repetiu com o PSOL quem saiu favorecido foi na época o PT e hoje ao PSOL, o que torna um absurdo o PSTU afirmar ‘’Além disso, Edmilson se comprometeu publicamente a batalhar nessas eleições para ajudar a eleger o candidato do PSTU Cléber Rabelo à Câmara Municipal pela importância que terá um operário revolucionário como vereador para contribuir com as lutas sociais’’.

Mas enfim, como todo partido centrista é um partido de zingue – zagues e giros oportunistas. Como próprio diria Trotsky no seu livro Revolução e Contra Revolução, num dos zingue – zagues oportunistas o centrismo pode se enfiar numa estrada perigosa e acabando batendo o carro num poste, ou no murro.  O reformismo é um braço que a burguesia utiliza para frear a luta de classes, o centrismo por sua vez ou segue as organizações revolucionários ou os setores reformistas do movimento operário, no caso do Brasil onde temos uma força imensa do reformismo e ilusões gradualistas então conclui-se como demonstra o PSTU que a tendência do centrismo é cada vez mais para o reformismo e não se juntar a fileira da revolução.

Enquanto internacionalmente vivemos um período de crise econômica e acirramento da luta de classes, onde que os trabalhadores e os demais setores oprimidos da sociedade enxergam o papel nefasto que os partidos burgueses cumprem os reformistas (no caso do PSOL se coloque como oposição de esquerda do regime, para poder ter base para mostrar a burguesia que eles podem ser uma alternativa a crise capitalista) mostram a sua cara e quem de fato são.  Neste sentido justifica – se a vontade politica do PSOL em fechar alianças com partidos burguês.

Não é de hoje, como diria o deputado Ivan Valente que o PSOL precisa ser ‘’flexível’’ e expandir o seu ‘’acordo de alianças’’. Mesmo que esta política não esteja concretizada até o final, isso significa que o PSOL está atrás de alianças de partidos burgueses e a aliança com o PC do B é um ganho para este partido.  Mesmo que o PSTU de inicio critique corretamente este crime cometido pelo PSOL, este oscilou e o reformismo puxou o centrismo para o seu lado. Porém numa das curvas em que o centristas entraram, acabaram encontrando de cara um partido da burguesia que é o PC do B e através de um argumento de fazer qualquer malabarista sentir inveja justificaram uma aliança com o PC do B que não passa de um partido burguês defensor da ordem.

‘’Só sobrava mesmo o PCdoB, que não é um partido burguês, mas é um partido da base do governo Dilma, governo este que governa para a burguesia...’’. Um partido não pode estar acima das contradições de classes, portanto ele tem que estar no lado da burguesia ou do proletariado, partindo do pressuposto marxista que estas são as duas classes independentes e que podem dar resposta a sociedade. Mas o principal argumento que poderíamos dar é que a burguesia coopta os carreiristas, os burocratas de Estado para ser novos burgueses tanto é que a burguesia do agronegócio da reacionária Kátia Abreu que quer ver o MST esmagado, vê Aldo Rebelo como um importantíssimo aliado.



’Como dissemos no início, muitos ativistas honestos, preocupados com o vale-tudo eleitoreiro, nos criticarão por compor uma frente com um partido da base governista. Respeitamos esse sentimento, mas não concordamos. Não construímos essa frente. Apenas participamos dela no formato em que ela foi construída pelo PSOL. Do ponto de vista do programa, trata-se de uma frente identificada claramente com as lutas contra a superexploração e a corrupção das obras da Copa e de Belo Monte, em defensa do meio ambiente e contra o Código Florestal, uma frente que recebeu o apoio do Movimento Xingu Vivo etc.’’ Tais ativistas honestos estão certos e  tem todo o direito de criticar. Partimos do pressuposto, que quando o Partido que reivindica o comunismo se constitui uma frente com a Social Democracia é preciso saber quais as possibilidades de ocorrer, porém sob constituição de um programa que não rebaixe os eixos reivindicado pelo comunista e muito menos torne tal frente um engloba de partidos. Ao mesmo tempo seria inútil e alimentar ilusões nas  direções reformistas e burguesas, montar frente que reivindique a revolução socialista como tenta a direção do PSTU justificando a sua política perante a base ‘’Em seu discurso, Cléber destacou a importância da participação dos socialistas nesse processo eleitoral para denunciar os ataques dos governos e dos patrões contra a classe trabalhadora e a necessidade dos setores explorados e oprimidos da sociedade se unificarem sob um programa radical de transformação social que inverta as prioridades para que o povo pobre possa ter garantido seu direito à educação, saúde, emprego, moradia, transporte público, segurança e saneamento básico de qualidade’’.  PSTU chega afirmar que ‘’ Essa foi nossa política. Não apenas dissemos abertamente que não queríamos ter nenhuma relação com o PCdoB, como citamos os motivos: Lei da Copa e Código Florestal, dois dos maiores desserviços já prestados ao povo trabalhador por um partido dito de esquerda.’’

O que  o PSTU se esquece sobre os acordos.

Primeiro partimos de dois pontos fundamentais, um elaborado por Lenin e outro elaborado por Trotsky. O primeiro ponto é de que os revolucionários num acordo nunca podem ceder princípios, o segundo é que os acordos eleitorais feito pelo o Partido Comunista e a Social Democracia favorecem sempre a Social Democracia e nunca o Partido Comunista. Caso isso ocorra, estaremos ajudando a eleger um candidato que muito provável vai fazer política para a burguesia e votar leis anti – operarias.  A falta destes dois princípios na frente, afeta um outro principio fundamental extraído através das lições que Marx tira nas lutas de 1848 na França de que a classe operaria não pode estar a reboque de nenhuma outra classe portanto ela precisa ter uma postura de independência de classe.

Para justificar a sua política, a direção do PSTU chega comparar o acordo feito em Belém com o acordo feito pelo Lenin para entrar na Rússia vésperas de 1917. Se é necessário analisar situações concretas, qualquer marxista honesto vai entender que as eleições são terreno da burguesia ao contrario da revolução pois se trata de um momento onde que os operários tem a possibilidade de transformar radicalmente a sociedade. E pra completar tal malabarismo, o PSTU se utiliza de citações do livro Revolução e Contra Revolução do Trotsky, livro este que afirma categoricamente que os acordos eleitorais favorecem a Social Democracia e não o Partido Comunista.

É correto que o Trotsky afirma que as bandeiras das organizações nunca podem se misturar, muito menos que os revolucionários devem submeter suas bandeiras com e muito menos em que as organizações revolucionarias devem ser submisso a outras organizações.  Mas o contexto em que Trotsky afirmava isso, era o crescimento dos camisas negras de Hilter e a necessidade de ter uma unidade em comitês (órgãos que vão além das tradicionais organizações sindicais e partidos políticos), onde os operários possam se armar para combater o crescimento do Nazismo. Para isso era necessário uma discussão de programa, onde o partido comunista não rebaixasse o seu programa e muito menos se tornar a ‘’ala-esquerda’’ da frente.  Mas o fundamental de tudo é que tal unidade, deveria se expressar a unidade da classe operaria.

É fácil perceber a confusão teórica do PSTU, quando este utiliza de forma inapropriada a frase ‘’marchar separados, lutar juntos’’. As eleições não possui um caráter estratégico para os revolucionários e sim táticos, ou seja os revolucionários terão a tarefa neste momento em desmascarar a democracia burguesa, fazer uma denuncia a toda a classe operarias contra as mazelas do sistema capitalista e denunciar as outras organizações que estão a serviço da burguesia e tais tarefas tem como papel de fazer com que os trabalhadores percam as ilusões nas instituições burguesas.

Neste sentido retomemos o exemplo que foi a FIT na argentina, na qual a seção da LIT (organização internacional que o PSTU faz parte) também chamada PSTU participou. Os operários precisam ter acordo com o programa dos revolucionários e para isso, as organizações que reivindicam a revolução e os interesses dos trabalhadores tem que mostrar através dos métodos da luta de classes que é possível alcançar tais objetivos e assim, as direções revolucionarias conquista a confiança da direção.  Foi intervindo nas inúmeras greves na argentina, conquistando influencia no sindicalismo de base e nos setores que se voltam contra a burocracia sindical CTA e da CGT.  Esta política honesta fez com que a FIT elegesse uma bancada operaria em Neuquén.  ´

No final das contas, o PSTU demonstra não ter aprendido com seus erros cometidos no passado e com isso acaba repetindo. Como exemplo, o PSTU utiliza o apoio dado para o PT no segundo turno nas eleições de 2002 onde ficava claro para todo mundo (mesmo com a transição pactuada na qual PT participou, mesmo nas deformações no programa que ficaram claro na década de 90) qual é o papel que o PT vai cumprir. O PSTU no final das contas, acaba convidando o vampiro para entrar dentro da casa pois no final das contas o governo Lula foi a continuidade e o aprofundamentos das políticas neoliberais de FHC no Brasil.

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