Belém foi uma das cidades, onde que se questionou o
crescimento econômico que o governo de Lula e Dilma tanto embelezavam. Os
trabalhadores de Belo Monte que entraram de greve, assim como os trabalhadores
de Jirau questionaram tal ‘’projeto’’ na qual a burguesia aumenta sua taxa de
lucros monstruosamente. As eleições de Belém neste marco poderia cumprir um
papel que para além de denunciar a democracia burguesa, citar em alto e bom som
os males que o capitalismo trás poderia também agitar um programa em que buscasse
a independência de classe dos operários
de Jirau e fazer com que todos setores que são contrários a construção
da Usina se aliasse a este setor que é o único capaz de barrar a construção da
usina.
Porém a direção
nacional do PSTU acaba de soltar no seu site (partido que diz estar a frente
neste processo), uma nota justificando uma coligação eleitoral para as eleições
de Belém com o PSOL e o PC do B. Esta coligação de acordo com o site do PSTU
será formada pelo Edimilson candidato a prefeito pelo PSOL, Jorge Panzera
candidato a vice prefeito pelo PC do B. De acordo com o próprio site as
candidaturas prioritárias seria de Marinor Brito do PSOL e de Cleber Rebelo
ligado ao próprio PSTU.
De acordo com o site, a direção nacional do PSTU afirma : ‘’
A candidatura de Edmilson Rodrigues canaliza hoje um sentimento de
oposição de esquerda ao governo federal e também de experiência com a
prefeitura do PSDB, que levou a cidade à beira da destruição. Edmilson, que já
foi prefeito de Belém por dois mandatos, está hoje em primeiro lugar nas
pesquisas e conta ainda com ampla vantagem em relação ao segundo colocado.
Algumas pesquisas apontam 37%. Na classe operária, que tem grande simpatia por
Edmilson, esse percentual é ainda maior. Apoiados nessa coligação e na projeção
que tem Edmilson, queremos potencializar ainda mais a agitação de um programa
revolucionário na cidade, o que se expressa hoje em nosso slogan “Belém para os
Trabalhadores”. A coligação também aumenta as chances de eleger um operário
socialista e revolucionário para a Câmara de Vereadores: Cleber Rabelo,
trabalhador da construção civil e dirigente do PSTU no estado. Queremos
aproveitar a campanha ainda para fortalecer nosso partido, filiando muitos
novos operários e trazendo-os para militar conosco. Ou seja, nossos objetivos
nessa coligação são os objetivos tradicionais dos revolucionários, quando estes
participam do processo eleitoral. Os operários da construção civil, colegas de
Cleber, entenderam o recado e já estão se organizando para fazer uma forte
campanha’’ (site PSTU).
Esta afirmação do PSTU tem vários erros gravíssimos . O
primeiro erro do PSTU, em vez armar este ‘’sentimento de oposição de esquerda’’ com uma estratégia para mostrar o
caminho correto que os trabalhadores e o povo pobre deverão seguir, os
seguidores do Moreno acabam semeando ilusões deste setor que nutre ‘’um
sentimento de oposição de esquerda’’ nas instituições que estão a serviço da
burguesia de que se votar Edimilson será a resposta dos principais problemas da
cidade que atinge os trabalhadores e o povo pobre.
Quando a direção nacional do PSTU afirma da confiança dos
trabalhadores e da população pobre de Belém mantém confiança em Edimilson, este
se esquece que tal confiança não mantém base solida e isso se deve porque como se
trata de um partido como PSOL, que tem como objetivo se tornar um partido
dentro da ordem. Para além disso, há um
embelezamento das direções reformistas e como consequência isso ilusões na
atual democracia burguesa.
Isso não significa por sua vez, que não devemos participar
das eleições burguesas. Devemos cumprir um papel de denunciar as eleições,
dizer para todos os trabalhadores e oprimidos como é votado as leis, denunciar
a farsa da democracia burguesa e principalmente fazer agitação de um programa revolucionário
para todos os trabalhadores. As eleições
são um meio tático na qual é fundamental ter estratégia correta e para que isso
ocorra, é necessário ter como eixo principal a independência de classe. Um dos
exemplos de que como os revolucionários devem participar nas eleições é na
Argentina, onde que a Frente de Esquerda foi formada pelo PTS, PO e IS onde
estas organizações atuam lado dos trabalhadores convencendo sob os métodos da
luta de classe os trabalhadores e todo os setores explorados da argentina de
que essa é a estratégia correta para se seguir.
Com esta estratégia correta, a FIT conseguiu eleger uma bancada
parlamentar operaria e revolucionaria em Neuquén.
O que a direção nacional do PSTU se esquece é que principal objetivo dos revolucionários eleições burguesa é fazer com que os trabalhadores e os setores
oprimidos da sociedade, percam ilusões nos métodos da democracia burguesa e
principalmente nas suas instituições. Para a direção nacional do PSTU é mais
importante ter uma concepção oportunista de fazer a organização crescer, sem
preocupar que os militantes tenham acordo com o programa e a estratégia da
organização, abrindo contradições no PSTU e fazendo com que a base não sinta
confia em na sua própria direção.
Algumas considerações deverão ser feitas. Trotsky no livro
Revolução e Contra Revolução dizia que os acordos eleitorais que são feitos,
favorecem sempre o partido Social Democrata e nunca o Partido Comunista. Portanto
deve se concluir que assim como em 1994, 1998 e o final do segundo de 2002
quando PSTU se aliou ao PT, até mesmo quando tal politica se repetiu com o PSOL
quem saiu favorecido foi na época o PT e hoje ao PSOL, o que torna um absurdo o
PSTU afirmar ‘’Além disso, Edmilson se
comprometeu publicamente a batalhar nessas eleições para ajudar a eleger o
candidato do PSTU Cléber Rabelo à Câmara Municipal pela importância que terá um
operário revolucionário como vereador para contribuir com as lutas sociais’’.
Mas enfim, como todo partido centrista é um partido de zingue
– zagues e giros oportunistas. Como próprio diria Trotsky no seu livro
Revolução e Contra Revolução, num dos zingue – zagues oportunistas o centrismo
pode se enfiar numa estrada perigosa e acabando batendo o carro num poste, ou
no murro. O reformismo é um braço que a
burguesia utiliza para frear a luta de classes, o centrismo por sua vez ou
segue as organizações revolucionários ou os setores reformistas do movimento
operário, no caso do Brasil onde temos uma força imensa do reformismo e ilusões
gradualistas então conclui-se como demonstra o PSTU que a tendência do
centrismo é cada vez mais para o reformismo e não se juntar a fileira da
revolução.
Enquanto internacionalmente vivemos um período de crise
econômica e acirramento da luta de classes, onde que os trabalhadores e os
demais setores oprimidos da sociedade enxergam o papel nefasto que os partidos
burgueses cumprem os reformistas (no caso do PSOL se coloque como oposição de
esquerda do regime, para poder ter base para mostrar a burguesia que eles podem
ser uma alternativa a crise capitalista) mostram a sua cara e quem de fato
são. Neste sentido justifica – se a
vontade politica do PSOL em fechar alianças com partidos burguês.
Não é de hoje, como diria o deputado Ivan Valente que o PSOL
precisa ser ‘’flexível’’ e expandir o seu ‘’acordo de alianças’’. Mesmo que
esta política não esteja concretizada até o final, isso significa que o PSOL
está atrás de alianças de partidos burgueses e a aliança com o PC do B é um
ganho para este partido. Mesmo que o
PSTU de inicio critique corretamente este crime cometido pelo PSOL, este
oscilou e o reformismo puxou o centrismo para o seu lado. Porém numa das curvas
em que o centristas entraram, acabaram encontrando de cara um partido da
burguesia que é o PC do B e através de um argumento de fazer qualquer
malabarista sentir inveja justificaram uma aliança com o PC do B que não passa
de um partido burguês defensor da ordem.
‘’Só sobrava mesmo o
PCdoB, que não é um partido burguês, mas é um partido da base do governo Dilma,
governo este que governa para a burguesia...’’. Um partido não pode estar acima das
contradições de classes, portanto ele
tem que estar no lado da burguesia ou do proletariado, partindo do pressuposto
marxista que estas são as duas classes independentes e que podem dar resposta a
sociedade. Mas o principal argumento que poderíamos dar é que a burguesia
coopta os carreiristas, os burocratas de Estado para ser novos burgueses tanto
é que a burguesia do agronegócio da reacionária Kátia Abreu que quer ver o MST
esmagado, vê Aldo Rebelo como um importantíssimo aliado.
‘’Como dissemos no
início, muitos ativistas honestos, preocupados com o vale-tudo eleitoreiro, nos
criticarão por compor uma frente com um partido da base governista. Respeitamos
esse sentimento, mas não concordamos. Não construímos essa frente. Apenas
participamos dela no formato em que ela foi construída pelo PSOL. Do ponto de
vista do programa, trata-se de uma frente identificada claramente com as lutas
contra a superexploração e a corrupção das obras da Copa e de Belo Monte, em
defensa do meio ambiente e contra o Código Florestal, uma frente que recebeu o
apoio do Movimento Xingu Vivo etc.’’ Tais ativistas honestos estão certos e
tem todo o direito de criticar. Partimos
do pressuposto, que quando o Partido que reivindica o comunismo se constitui
uma frente com a Social Democracia é preciso saber quais as possibilidades de
ocorrer, porém sob constituição de um programa que não rebaixe os eixos
reivindicado pelo comunista e muito menos torne tal frente um engloba de
partidos. Ao mesmo tempo seria inútil e alimentar ilusões nas direções reformistas e burguesas, montar
frente que reivindique a revolução socialista como tenta a direção do PSTU
justificando a sua política perante a base ‘’Em
seu discurso, Cléber destacou a importância da participação dos socialistas
nesse processo eleitoral para denunciar os ataques dos governos e dos patrões
contra a classe trabalhadora e a necessidade dos setores explorados e oprimidos
da sociedade se unificarem sob um programa radical de transformação social que
inverta as prioridades para que o povo pobre possa ter garantido seu direito à
educação, saúde, emprego, moradia, transporte público, segurança e saneamento
básico de qualidade’’. PSTU chega
afirmar que ‘’ Essa foi nossa política.
Não apenas dissemos abertamente que não queríamos ter nenhuma relação com o
PCdoB, como citamos os motivos: Lei da Copa e Código Florestal, dois dos
maiores desserviços já prestados ao povo trabalhador por um partido dito de
esquerda.’’
O que o PSTU se esquece sobre os acordos.
Primeiro partimos de dois pontos fundamentais, um elaborado
por Lenin e outro elaborado por Trotsky. O primeiro ponto é de que os
revolucionários num acordo nunca podem ceder princípios, o segundo é que os
acordos eleitorais feito pelo o Partido Comunista e a Social Democracia
favorecem sempre a Social Democracia e nunca o Partido Comunista. Caso isso
ocorra, estaremos ajudando a eleger um candidato que muito provável vai fazer
política para a burguesia e votar leis anti – operarias. A falta destes dois princípios na frente,
afeta um outro principio fundamental extraído através das lições que Marx tira
nas lutas de 1848 na França de que a classe operaria não pode estar a reboque
de nenhuma outra classe portanto ela precisa ter uma postura de independência
de classe.
Para justificar a sua política, a direção do PSTU chega
comparar o acordo feito em Belém com o acordo feito pelo Lenin para entrar na
Rússia vésperas de 1917. Se é necessário analisar situações concretas, qualquer
marxista honesto vai entender que as eleições são terreno da burguesia ao
contrario da revolução pois se trata de um momento onde que os operários tem a
possibilidade de transformar radicalmente a sociedade. E pra completar tal
malabarismo, o PSTU se utiliza de citações do livro Revolução e Contra
Revolução do Trotsky, livro este que afirma categoricamente que os acordos
eleitorais favorecem a Social Democracia e não o Partido Comunista.
É correto que o Trotsky afirma que as
bandeiras das organizações nunca podem se misturar, muito menos que os
revolucionários devem submeter suas bandeiras com e muito menos em que as
organizações revolucionarias devem ser submisso a outras organizações. Mas o contexto em que Trotsky afirmava isso,
era o crescimento dos camisas negras de Hilter e a necessidade de ter uma
unidade em comitês (órgãos que vão além das tradicionais organizações sindicais
e partidos políticos), onde os operários possam se armar para combater o
crescimento do Nazismo. Para isso era necessário uma discussão de programa,
onde o partido comunista não rebaixasse o seu programa e muito menos se tornar
a ‘’ala-esquerda’’ da frente. Mas o
fundamental de tudo é que tal unidade, deveria se expressar a unidade da classe
operaria.
É fácil perceber a confusão teórica
do PSTU, quando este utiliza de forma inapropriada a frase ‘’marchar separados,
lutar juntos’’. As eleições não possui um caráter estratégico para os
revolucionários e sim táticos, ou seja os revolucionários terão a tarefa neste
momento em desmascarar a democracia burguesa, fazer uma denuncia a toda a
classe operarias contra as mazelas do sistema capitalista e denunciar as outras
organizações que estão a serviço da burguesia e tais tarefas tem como papel de
fazer com que os trabalhadores percam as ilusões nas instituições burguesas.
Neste sentido retomemos o exemplo que
foi a FIT na argentina, na qual a seção da LIT (organização internacional que o
PSTU faz parte) também chamada PSTU participou. Os operários precisam ter
acordo com o programa dos revolucionários e para isso, as organizações que
reivindicam a revolução e os interesses dos trabalhadores tem que mostrar
através dos métodos da luta de classes que é possível alcançar tais objetivos e
assim, as direções revolucionarias conquista a confiança da direção. Foi intervindo nas inúmeras greves na
argentina, conquistando influencia no sindicalismo de base e nos setores que se
voltam contra a burocracia sindical CTA e da CGT. Esta política honesta fez com que a FIT
elegesse uma bancada operaria em Neuquén.
´
No final das contas, o PSTU demonstra
não ter aprendido com seus erros cometidos no passado e com isso acaba
repetindo. Como exemplo, o PSTU utiliza o apoio dado para o PT no segundo turno
nas eleições de 2002 onde ficava claro para todo mundo (mesmo com a transição
pactuada na qual PT participou, mesmo nas deformações no programa que ficaram
claro na década de 90) qual é o papel que o PT vai cumprir. O PSTU no final das
contas, acaba convidando o vampiro para entrar dentro da casa pois no final das
contas o governo Lula foi a continuidade e o aprofundamentos das políticas
neoliberais de FHC no Brasil.
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