3 de fev. de 2012

Algumas reflexões sobre o classismo

Com a revolução de junho  1848 na França, o movimento operário por conta do massacre sofrido pelas tropas francesas teve que assimilar uma importante experiência. Em fevereiro do mesmo ano, o proletariado marchava em conjunto com a burguesia reproduzindo o que foi a revolução burguesa de 1789. Porém a classe operaria viu que a burguesia não podia dar uma saída positiva frente a condição de fome e miséria, por isso teve que se organizar novamente em junho para enfrentar esta mesma burguesia que estava na mesma barricada em fevereiro de 1848,  deste a classe operaria viu que era necessário ser autônoma portanto não poderia ficar a reboque de nenhuma outra classe.
A principal lição que estas jornadas trouxe de ensinamento para todos aquele que lutam, é a independência de classe dos trabalhadores em relação a burguesia. Quando os operários franceses viram que a burguesia não pode dar uma saída a miséria que viviam, viram que seus interesses são inconciliáveis com a burguesia ou seja enquanto a classe operaria não quer ser explorada, a classe burguesa quer explorar e acumular riqueza. Agora a burguesia se mantém como classe conservadora que quer preservar a ordem e a classe proletária se mantém como classe criadora e transformadora.
Estas classes estão em guerra e o objetivo de cada um dos lados é conseguir impor seu interesse, submetendo o outro ao seu interesse assim abatendo o seu inimigo. Numa guerra com objetivo estratégico, o proletariado e o povo pobre para conseguir todos os seus direitos democráticos deve expropriar a burguesia fazendo com que a divisão de classes desapareça.  Por trás da visão do bem comum, da ‘’paz social’’, de estabilidade sociais existe uma interesses inconciliáveis na sociedade demonstrando em períodos de refluxo em pequenas lutas e períodos de levante em grandes mobilizações de massa, greve gerais e em revoluções desmascarando a farsa da democracia burguesa.
A burguesia reconhece que a sociedade está dividida em classe e que está em constante guerra com o proletariado. Obviamente ela vai colocar os interesses do proletariado e do povo pobre como irracionais, particulares e alheios aos interesses da nação, que os dominados ‘’são fugazes’’ e logo não merecem ter seus direitos reconhecidos pois ‘’não pagam imposto’’ e quando os dominados se levantam para lutar pelos seus direitos são colocados na postura de criança que não tem vontade própria e é portanto manipulado pelo partido que propaga sua ideologia aos operário em vez de fazer estes assistirem novelas e para a nação em ordem é preciso alguém que tenha mão de ferro contra todos setores parasitários que fazem mal a unidade nacional.  Tanto para a burguesia, tanto para o proletariado fica bem claro a existência da guerra de classes dentro da sociedade capitalista.
Porém dentro da sociedade dividida em classe, existem outras classes para além da burguesia e do proletariado e uma delas é a pequena burguesia.  A pequena burguesia cumpre um papel na luta de classes, pois se utiliza de uma lança revolucionaria mas na sua ponta democrática.  As organizações pequenos burguesas cumprem um papel fundamental no Estado burguesa, ao ceder algumas concessões democráticas em troca de manter o sistema capitalista portanto no que diz aspecto aos objetivos estratégicos da classe operaria a pequena burguesia cumpre um papel de freio.  O proletariado portanto não pode ficar a reboque das organizações pequeno burguesas.
Na segunda internacional, a corrente da Social Democracia começa ganhar um grande peso dentro do movimento operário. A social democracia surge no período onde que ideologicamente o positivismo começa ganhar uma grande força na sociedade e por isso ela tem como concepção colocar o socialismo como algo certo e pré determinado e ter uma pratica parlamentar lutando por pequenas reformas. Leon Trotsky colocava que num período onde que o capitalismo encontrava – se na época concorrencial, a Social Democracia cumpria um papel progressista, porém como estamos numa período de concentração de monopólio,  a social democracia se tornou um cadáver apodrecido.
O classismo ainda continua sendo atual.
A burguesia para tentar deslegitimar as ideias revolucionarias, coloca o classismo como algo ultrapassado ou como uma ideia irracional destituido de qualquer pratica ‘’cientifica’’. Mesmo  que a burguesia coloque que chegamos ao fim da historia, agora a sociedade caminhara para progresso onde que beneficiara o bem comum esconde o fato de que existem graves contradições dentro dela refletindo no desemprego estrutural, na terceirização, nos postos mais precarios, nos empregos temporarios, na alta intensificação do trabalho e os inumeros ataques contra a classe trabalhadora.
Ao mesmo tempo que a burguesia declarava fim do classismo, da luta de classes e da historia existiam importantissimas greves operarias no mundo inteiro enfrentando contra os ataques da burguesia cujo o objetivo era retomar as suas taxas de lucro que havia perdido na crise de 1970. Mesmo que a burguesia esconda a realidade, estas greves existiram demonstrando que o classismo continua sendo atual pois a sociedade ainda é dividida em classes com interesses inconciliaveis, portanto a luta de classes não tinha acabado, pelo contrario ela estava viva em diversas greves que acontenciam no mundo inteiro.
Foi no mesmo periodo em que as organizações conciliatorias da classe operaria deram uma guinada a direita, assumindo posições claramente em defesa do neoliberalismo. O pacto social entre as tradicionais direções operarias e a burguesia é evidente no periodo neoliberal e estas direções sindiciais iria continuar cumprindo um papel de freio dos trabalhadores, alimentando a passividade, servindo de correia dos interesses da burguesia dentro do movimento operario e em determinados caso extremos criando os famosos sindicatos – empresas, onde o sindicato teria que ‘’vestir a camisa’’ da empresa assumindo os interesses da burguesia e cumprindo um papel de ‘’promoção’’ para os trabalhadores elevando bem poucos setores ao nivel de aristocracia operaria.
A mesma burguesia que com o toyotismo, coloca para os trabalhadores que eles tem que ‘’vestir a camisa da empresa’’ colocando que é necessario ‘’cumprir metas’’ para poder intensificar o trabalho assim extraindo mais valia para que ela acumule cada vez mais ‘’em benefecio da empresa’’,  é a mesma que em 2014 vai disseminar o nacionalismo entre todos os dominados na copa do mundo para legitimar os seus interesses, a mesma que vai perseguir os ativistas operarios colocando que estes são um perigo para a ‘’nação’’.  O classismo ao contrario que a burguesia diz, nunca esteve tão vivo e precisa ser regra para a classe operaria e todos oprimidos vençam impondo a sua vontade contra a burguesia.
Com a primavera arabe, com as greves gerais na Grécia e muitos lugares na europa como na Inglaterra, com as mobilizações no Chile demonstram que é mais do que necessario uma estrategia para que a classe operaria vença e cumpra com seus objetivos historicos. O classismo continua sendo um principio  claro para qualquer interpretação da realidade e como vamos responder ela, para que a classe trabalhadora consiga dar uma saida ao sistema capitalista que impoe fome e miseria para a maioria da sociedade.

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