21 de nov. de 2011

Ódio de classe da burguesia : uma visão sobre os ataques da burguesia contra os estudantes da USP

É nítido nos grandes meios de comunicação, porta vozes dos interesses da burguesia um grande ódio contra a mobilização dos estudantes da USP pela retirada da policia no campus universitário. Este ódio de classe se materializa, desde na matéria do fantástico onde que da pra entender que a ocupação de reitoria foi um ato criminoso, nos comentários odiosos do blog do Reinaldo Azevedo até a reunião das socialites de SP. Em ambos os casos, estes setores tem uma reivindicação em comum contra os estudantes da USP : É necessário reprimir os estudantes da USP para conseguir implementar o projeto de universidade elitista.
Quando existe um conflito de interesses antagônicos e inconciliáveis como é no caso da sociedade dividida em classes, é fácil perceber o ódio entre os dois lados da trincheira na batalha. Este ódio existe quando se tem uma clara definição de interesses numa determinada luta, ou seja a burguesia como classe e juntando o fato dela estar atuando sempre na defensiva quando vê a sua dominação sendo questionada (mesmo até que a luta seja tática) e quando vê uma luta concreta acontecendo se expressa este ódio pois ela consegue enxergar quem são seus inimigos. Mesmo que a burguesia brasileira seja desde o inicio conservadora e nunca tenha cumprido um papel progressista na historia, temos que escutar do governador de São Paulo que os estudantes que ocuparam a reitoria precisa ter aulas de democracia : Mas que democracia que o Geraldo Alckmin tanto reivindica? A democracia de que é necessário ter um porrete na mão contra aqueles que se voltam contra a dominação da burguesia.
Se pegamos desde os inquéritos policiais recebidos pelos os 73 presos políticos, até as declarações do Alckmin é fácil perceber do que estamos tratando. Se até jurista da PUC-SP alegou o que está acontecendo na USP não foi um crime e sim foi fato politico, podemos ir além deste pressuposto pois não dá para pensar a politica por fora da questão de classes. Mesmo que a classe dominante mistifique, um dos inquéritos dos 73 presos políticos foi de desobediência civil (que se analisar de acordo com Marx, estes presos foram acusados de desobediência burguesa ou seja desobedeceram a classe dominante) e o discurso de que o Alckmin sobre os estudantes que deviam ter uma lição de democracia é que estes deveriam seguir a norma jurídica e as regras impostas pela burguesia (alguns autores irão criticar da seguinte maneira : A democracia  reivindicada pelo Alckmin é a democracia burguesa, já outros autores irão dizer que o governador de SP confunde democracia com as relações de ‘’mercado’’). Estes discurso mistificado  para poder ser legitimado perante os dominados  de ‘’democracia’’ e obediência civil (podemos falar que na época da ditadura militar, os alunos eram obrigado a ter aula de educação cívica) cai a sua mascara e mostra que estão a serviço de uma classe dominante.
Apoiado no conservadorismo da pequena burguesia, a grande burguesia destila o seu ódio contra os estudantes em luta na USP e isto não é pouco caso. O ódio contra o inimigo é fundamental para que um exercito derrote o outro, no caso da USP a burguesia paulistana pretende vencer está guerra e esmagar os estudantes que lutam pela a retirada da PM no campus e assim tentar frear o projeto de universidade que tanto Rodas, tanto Alckmin e tanto esta mesma burguesia tem para a USP e o restante das universidades.
Na USP não é um caso particular onde se demonstrou tanta fúria dos dominantes com os dominados. Outro caso explicito desse ano que ocorreu, onde que a burguesia deixou explicito o seu ódio de classe contra os dominados foi no começo do ano com a rebelião dos trabalhadores de Jirau que se rebelaram contra as condições de trabalho que eram imposta. No caso da Greve de Jirau, a mídia porta vozes dos interesses da burguesia também demonstrou seu ódio de classe contra estes trabalhadores criminalizando os  por lutar. Como prova temos, uma das edições da revista época lançada neste ano trata os trabalhadores como criminosos e canoniza a Camargo Correia como ‘’um grande coitado’’ e os trabalhadores ‘’como bandido’’, chamando a repressão policial e judicial contra os lutadores de Jirau.
A mesma burguesia que avança com toda sua fúria contra os trabalhadores e o povo pobre, é a mesma que prega devemos respeitar a pessoa independente de sua classe mas por trás disso existe a sua dominação de classe. A burguesia enquanto classe dominante quer conservar a ordem e a miséria e enquanto classe defende com ódio a propriedade privada enquanto os oprimidos se levantam, porém não aceitam enquanto os dominados demonstram o seu ódio legitimo contra os seus opressores ai são vistos como as anomalias da sociedade. A revolução russa foi o momento em que os trabalhadores junto com os setores oprimidos da sociedade tiveram a oportunidade de guiar os seus próprios destinos com suas mãos, esta mesma revolução que fez a burguesia temer e sentir ódio pois fez com que ela perdesse o seu domínio na Rússia.
Junto com as teorias do fim da historia, o fim da classe operaria e outras correntes teóricas legitimadas por supostos ‘’sabichões’’ a serviço da burguesia, o classismo tentou ser apagados de diversas formas na mentes dos dominados. Desde os CCQ’S instaurados com o fenômeno do TOYOTISMO, até a marginalização do marxismo na academia por conta da restauração burguesa fez com que as teorias classistas fossem substituídas por teorias que reivindicassem a cidadania, ou que negasse a existência das classes. Neste sentido vivemos um período de ‘’paz social’’ e de passividade, ceticismo e derrotismo no Brasil por conta das ultimas derrotas fruto de direções como o do PT e do PCB, do ‘’boom econômico’’ e da reestruturação produtiva e cabe a esquerda concretamente resgatar de volta o classismo dentro dos setores oprimidos da sociedade, pois só uma estratégia que pregue de fato a independência de classe vai fazer com que os trabalhadores junto com os demais setores oprimidos da sociedade se emancipem. É nesse sentido que o ódio contra o exercito inimigo, que no caso da luta de classe seria contra a burguesia se faz necessário.
Está na ordem do dia, a esquerda que é de fato classista e combativa forjar setores de trabalhadores, estudantes nestas e nas próximas lutas que virão neste período preparatório que já inicia com lutas iniciais como a USP e Jirau. Apesar de cada particularidade destas lutas e de demandas, ambas questionam o projeto de pais que a burguesia tem para o Brasil e demonstra necessidade de se organizar tendo em vista um programa que responda as necessidades reais da juventude, dos trabalhadores da cidade e do campo e de todo pobre e oprimido que se contraponha e coloque como alternativa a este ‘’projeto de pais’’ da burguesia.
O PSTU com sua estratégia de ganhar sindicatos, rebaixando o programa com reivindicações que colem na subjetividade dos trabalhadores e estudantes fazendo assim que a consciência não avance não consegue ser uma alternativa concreta ao ‘’projeto de país’’ da burguesia. A estratégia do PSTU na luta dos estudantes da USP é de conquistar junto ao PSOL, o DCE da USP. Mesmo o PSTU tente se localizar depois da assembleia do 1/11 e ter votado junto com o PSOL pelo adiamento das eleições do DCE no ano que vem, o PSTU não pode priorizar uma eleição de uma entidade do que a luta pela anulação dos inquéritos ao 73 presos políticos, pois se estes estudantes forem de fato preso por lutar imagina o que vai acontecer com o Movimento Sem Terra, o movimento sem teto, os ameaçados de mortes por lutar e podemos falar também com os próprios militantes do PSTU (uma vez que a repressão não é algo individual). O mesmo PSTU que através da CONLUTAS lança a campanha ‘’Se o bolo cresceu, o trabalhador quer o que é seu’’, que desarma os trabalhadores perante a crise capitalista e cria ilusões que o crescimento econômico vai ser benéfico para todos é o mesmo que é capaz de trair junto com o PSOL para conseguir levar o DCE da USP.

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