Para entender o governo Dilma, primeiro temos que entender o governo Lula
O governo Lula, foi marcado por um crescimento econômico sustentado através de trabalho precário como demonstrou na rebelião em Jirau e na greve das trabalhadores da União – USP. As contradições entre as classes dentro do governo Lula são frágeis e com a Dilma tendem a estourar, mesmo que o petismo encoberta este elemento fundamental com um projeto de ‘’Brasil potencia’’ visando ‘’tornar um país do futuro. Outro ponto para entender, o petismo são três pontos elementares : É o caráter histórico reacionário desde da sua origem da burguesia brasileira e pelo fato que os militares e civis da época da ditadura militar não serem punidos muitos deles ocupando cargos burocráticos importantes no governo petista. Junto com estes fatores citados, temos um outro fator elementar é que historicamente uma importante parcela da mão de obra ‘’livre’’ tem origem na mão de obra escrava na qual na passagem do antigo regime e para a ‘’ordem competitiva’’ de acordo com Florestan Fernandes foram os setores mais pauperizados e que hoje moram nos bairros mais precários. Vale a pena lembrar que hoje não houve uma ruptura histórica, sendo assim apesar de algumas diferenças traços de continuidade.
Justamente para manter este crescimento econômico e de acordo com o próprio Lula ‘’fazer com que os ricos se tornem cada vez mais ricos’’ e assim ampliando a pobreza para ampla camada da população brasileira é que a repressão policial nos morros e contra a classe trabalhadora visando assim disciplinar estes setores ganha sentido. Porém com o crescimento econômico abriu espaço para com que o capital permitisse frear a luta de classes com algumas concessões fazendo com que os trabalhadores não lutem por direitos concretos e além deste mecanismo temos o da repressão que é freqüente utilizado, tais concessões que se materializa em programas como Bolsa Família, PROUNI e entre outros. Estes investimentos somam em torno 6% do PIB, sendo que para dividia externa são investido 50% do PIB.
O atrelamento da burocracia sindical, estudantil e de alguns movimentos sociais com o governo Lula é um outro pilar importantíssimo para entender como petismo está gerindo o capital. Estes setores governistas que atuam dentro dos setores oprimidos da sociedade são uma espécie de correia da burguesia para poder legitimar os interesses da classe dominante dentro dos dominados e como um freio ou até mesmo terem um atuação como policia nestes setores. É assim que tanto as seis centrais sindicais governistas, ou a União Nacional dos Estudantes ou outros movimentos atrelados ao governo atuam dentro da classe trabalhadora e o povo pobre.
O governo Fernando Henrique Cardoso foi marcado com um constante ataque a classe trabalhadora e os demais setores populares da sociedade. Houve resistência e luta operarias e populares e um sentimento honesto contra o governo tucano, porém a falta de uma alternativa nesta luta contra os ataques de FHC e o atrelamento então da esquerda com o PT que estava saindo da sua posição conciliatória inicial e estava guinado para a direita, fez com que as massas depositassem confiança e elegesse Lula para presidente. A eleição de Lula significou o fim de um período marcado com Luta operarias que abriu algumas migalhas para poder frear a luta de classes e isso um dos pontos que fez Lula se tornar um quadro da burguesia hoje no Brasil, neste sentido importante colocar que houveram traços de continuidade do FHC no governo Lula e isso se materializou aos ataques as leis trabalhistas e a previdência e as privatizações.
A classe trabalhadora Brasileira vem de um series de derrotas que se refletiu a transição da ditadura para democracia pactuada pelo alto, freando assim as lutas que a classe operaria em conjunto com os setores populares da sociedade estavam protagonizando contra a ditadura militar. Desde então estes setores entraram em profunda desmoralização e ceticismo incentivando a visão de que é impossível mudar a realidade e que a sua posição de classe (dominados e dominadores) é vista como algo naturalizado. Essa desmoralização e derrotismo permitiu com que o petismo criasse uma visão entre os dominados que basta o ‘’bolo crescer’’ para que se torne possível a ascensão da população pobre.
Perante a este cenário, a esquerda não teve uma política que conseguisse responder a esta realidade posta pelo o petismo não constituindo como uma alternativa ao PT, não conseguiu forjar setores de trabalhadores e oscilou na passividade não travando lutas parciais. Hoje o PSOL representa uma ala da burguesia não conseguindo ser uma alternativa tenha como eixo a independência da classe trabalhadora e o PSTU partido que se reivindica trotskista (vertente de Moreno), encontra – se muitas das vezes a reboque do PSOL em alianças forjadas através de acordo superestruturais alheio ao método da luta de classes sendo assim rebaixando o seu próprio programa e aceitando o programa do PSOL que representa a insatisfeita da burguesia com o neoliberalismo. Se é necessário travar lutas parciais e obter algumas vitorias mesmo no período de refluxo, a esquerda brasileira não cumpriu esta função fazendo com que o sentimento de derrota, passividade e ceticismo das massas junto com o apoio ao governo fossem bem alimentados.
O cenário com a Dilma muda
Os teóricos tradicionais da burguesia já sentem uma mudança no cenário nacional e já não tem a mesma certeza que a crise não iria atingir o Brasil, abrindo um começo de crise na confiança da burguesia brasileira significando a volta de grandes lutas operarias no Brasil. Este cenário já ganha consistência pois neste ano professores estaduais de mais 10 estados entraram em greve, tivemos a rebelião de Jirau, greve dos servidores das universidades federais, greve das terceirizadas da União – USP, greve dos trabalhadores dos correios e greve dos bancários. Outro ponto que precisa ser destacado são as ocupações de reitoria protagonizados pelos os estudantes de varias universidades do Brasil inteiro, resgatando assim um importante método de luta estudantil utilizado nas lutas de 2007.
Um dos pontos que podemos ver claramente, tanto nas greves dos correios e tanto na greve dos professores do Ceara (assim como outras greves como na greve dos professores estaduais de Minas) a tendência repressiva contra os trabalhadores ou na ocupações. Estas tendências se expressam tanto Supremo Tribunal resolver cortar os pontos dos trabalhadores grevistas dos correios para derrotar este obstáculo para a privatização dos empresa dos Correios ou até em ultima instancia as brutais repressões contra os professores do Ceara e de Minas Gerais ou a entrada da policia no campus da Universidade Federal do Fluminense.
Se as contradições com o governo Lula já era frágeis, com o avanço da crise capitalista que certamente atingira o Brasil com o governo Dilma poderão se estourar. Com o agravamento da crise econômica, das contradições e da luta de classes a tendência do governo Dilma é de se tornar cada vez mais repressivo contra a classe trabalhadora e as classes populares que estão em luta e poderão entrar futuramente. Analisando a partir deste cenário e a necessidade de cortar o pouco investido utilizado para não estourar estas contradições e assim evitar uma grande mobilização dos trabalhadores vai ser trocado por outro mecanismo que é da repressão.
Nos correios e nos bancários estão se expressando métodos anti burocráticos e uma radicalização da base contra a burocracia sindical que em ambos os casos está sentindo acuada por sentir os trabalhadores atropelando as direções do sindicatos e com isso tanto a CUT (PT) e a CTB (PC do B) estão apelando para métodos cada vez mais burocráticos. Em ambos casos, os trabalhadores estão começando se voltar contra a burocracia sindical por não ter uma estratégia que responda a realidade da luta de classes e com isso a base estão obrigando a direção dos respectivos sindicatos a votar propostas dos trabalhadores dos correios e dos bancos.
Se pegamos o caso dos trabalhadores dos correios de São Paulo, a burocracia sindical ligada a CTB (PC do B) que já havia decretado o final da greve através de um acordo e coro com o Supremo Tribunal que estava ameaçando cortar pontos dos grevistas, se assustou quando viu a sua base votar em defesa da continuidade da greve. Os trabalhadores bancários estão votando varias propostas e estão continuando a greve contra a vontade da burocracia sindical da CUT (PT). Em Minas Gerais, a burocracia da CUT traiu a greve dos professores que estavam durando mais 100 dias num acordo de portas fechadas e de cúpula com o governo tucano.
Nesse sentido vale sempre retornar antes de mais nada, a luta dos trabalhadores brasileiros contra os interventores da ditadura militar como uma parte de uma luta contra a ditadura militar. O conflito entre a direção do sindicato e a base se refletia em diversas maneiras, desde da base que atropelava e impunha as decisões para o sindicato, a burocracia abandonar o sindicato e mandar fechar fazendo com que os trabalhadores tocasse a greve a partir de comitê de base, conflitos físicos até perseguição feita pelos trabalhadores contra a burocracia do sindicato. (Tendo como caso em São José dos Campos, aonde os trabalhadores perseguiam os interventores da ditadura militar nos sindicatos até em suas casas). Nesse sentindo vale a relembrar deste período, o fato que hoje a burocracia já começa a sentir sinais de dificuldades para poder controlar a sua base.
Longe do que está ocorrendo no Chile aonde a ação massiva dos estudantes junto com setores de trabalhadores está criando novos fenômenos importantes, no Brasil as lutas estão num patamar econômico e não se elevou a tal nível de questionamento. Porém aponta grandes possibilidades de ação dos trabalhadores e da juventude e de questionamento ao projeto petista que está colocado e com isso é necessário a unificação destas lutas e elevar as reivindicações para além do patamar corporativo dos aumentos salariais.
Se por um lado temos a CUT, a CTB e a UNE que não articula um plano de lutas pois teria que se chocar contra o governo e o projeto na qual estas organizações apóiam. Com isso tem um plano consciente de manter estas mobilizações isoladas, dispersas e se limitando sempre no seu plano econômico. Um grande exemplo podemos citar são a greve da educação, um importante setor que nesse ultimo período protagonizou lutas importantes e que junto ao sentimento generalizado que é preciso investir na educação e o apoio popular que estas greve dos professores estaduais e dos servidores da educação poderiam ir muito mais foram.
Já o PSTU e o PSOL, na sua cegueira rotineira não fazem nada para poder unificar estes movimentos não lutando para que surja um movimento de professores e estudantes pela uma educação de qualidade e pelo fim do trabalho precário no ensino dialogando com uma demanda por uma educação digna para os setores mais explorados. Estas organizações estão hoje realizando uma campanha superestrutural pelo 10% do PIB para a educação, realizando um plebiscito para somente novembro não se ligando concretamente com os processos de luta que estão acontecendo hoje no Brasil. Para além disso falta um norte estratégico, onde esta demanda tática deve se ligar com o fim do vestibular, estatização das universidades privadas sem indenização, expropriação dos principais monopólios privados.
Para a educação, o governo petista investiu muito mais na educação privada e nos monopólios de ensino como ANHEGUERA, ANHEMBI MORUMBI e entre outros em vez de investir na educação publica. Através do lucro para os tubarões de ensino e uma educação totalmente precária aonde se encontra uma parcela da juventude trabalhadora, aonde se cria uma ilusão em que se está democratizando o ensino, aonde agora todos tem a mesma condição de estudar. Uma grande parcela de professores e estudantes estão começando a questionar esta estrutura do Petismo e isso mostra as péssimas condições da educação publica e a necessidade de uma mudança radical que consiga solucionar os problemas pela a raiz
Como disse anteriormente, o crescimento econômico do petismo é sustentado através de contradições muito frágeis e de condições de trabalho extremamente precária. Desde a greve dos trabalhadores do estádio do Maracanã e do Mineirão passando pela rebelião de Jirau, temos grandes questionamentos da visão de ‘’Brasil Potencia’’ e mostrando claramente que o crescimento econômico do governo é sustentado através de condições de trabalho precários e sob contradições muito frágeis sendo que a qualquer momento pode estourar.
É necessário preparar para os próximos desafios da luta de classes.
Transformar as próximas lutas numa escola de guerra. Desde já é necessário intervir em cada uma luta que é dada forjando assim com setores mais combativos de trabalhadores, do povo pobre e de estudantes, dando estas batalhas até o final e se for possível vencer-la. Dentro da luta de classes, a guerra é constante e só vai poder acabar de fato quando o proletariado tiver cumprido com seus objetivos históricos, pois se a burguesia saia vitoriosa desta guerra ela despeja para nos o seu projeto de sociedade que ela tem o que significa de fato é : que as condições para reprodução de vida vão se tornar cada vez mais precárias. Nesse sentido, a etapa que está se abrindo neste momento no Brasil é de preparação, pois é fundamental que a classe operaria e as classes populares acumulem experiências para alcançar o seus objetivos.
A necessidade de um programa que responda as necessidades dos trabalhadores e do povo pobre e a luta de classes se torna algo extremamente necessário neste período que se abre. É fundamental traçar bem nossos objetivos estratégicos, qual vai ser as nossos meios de luta que iremos utilizar para conseguir o que queremos e como através destas lutas vamos impor a burguesia o que queremos fazendo ela temer a cada batalha que iremos dar.
Neste sentido seria fundamental realizar um encontro nacional de setores da educação que estão em luta, agora com setores da construção civil, dos correios e outros setores que entrarão estão em luta é fundamental construir uma campanha pelo salário mínimo estabelecido pelo DIEESE, a incorporação de todos os terceirizados ao quadro de efetivos do local aonde trabalham (no caso do setor publico, sem concurso), iguais direitos e salários para todos e a contratação massiva de novos funcionários.
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