2 de ago. de 2012

Em defesa dos 73 processados na USP. Não a repressão


A reitoria da USP deu inicio ao julgamento dos processos dos 73 estudantes e trabalhadores que foram preso por conta da ocupação da reitoria que lutavam pela retirada da policia no campus da Universidade de São Paulo.  Este ataque que tenta implementar a reitoria, é mais um passo para atacar os trabalhadores implementando a intensificação do trabalho, demitindo e aumentando o assedio moral, de implementar cursos privados dentro da universidade ,aprofundar as parceiras junto com as fundações privadas e tentar de qualquer maneira expulsar a comunidade da São Remo que vive ao redor da Universidade. Tais ataques tem o objetivo de poder privatizar a USP, aprofundando o seu caráter elitista e racista como demonstrou a abordagem de um policial dentro da universidade ao sacar uma arma contra um dos poucos estudantes negros que existe dentro da maior universidade da américa latina.

A USP no ultimo período teve grandes acirramentos em relação a luta de classes demonstrando na greve de 2009, onde que a ex reitora Sueli Vilela precisou chamar a policia para poder desmanchar os piquetes feito pelos os trabalhadores que resultou no confronto da policia contra professores, estudantes e trabalhadores. Em 2011 no dia 27 de outubro tal episodio se repetia na prisão de 3 estudantes por estarem fumando maconha. Neste sentido foi o basta que os estudantes deram perante os abusos da PM, que estava entrando em espaços estudantis como centro acadêmicos, fazendo abordagens contra estudantes.

Isso mostra que a ‘’suposta democracia’’ não pode ser consolidada, pois existe dentro da sociedade e dentro da universidade interesses inconciliáveis. Enquanto a classe burguesa precisa necessariamente impor a fome e a miséria contra os trabalhadores, os trabalhadores devido a condição que se encontram e o fato que não tem nada a perder se revoltam contra a sua situação de fome e miséria.  Os direitos mínimos  dos trabalhadores e do demais setores da sociedade como educação publica de qualidade são retirados e negados pois a classe burguesa só tem o interesse de acumular mais e mais. Justamente quando se tem este acirramento da luta de classes, a burguesia precisa retirar todos os direitos democráticos como liberdade de organização e impor uma guerra permanente contra o seu principal inimigo capaz de mudar radicalmente a sociedade, o proletariado. É justamente em ultima instancia o que acontece quando a burguesia perde o controle da luta de classes.

É fundamental para a burguesia tornar o proletariado uma massa amorfa e dispersa, para isso ela persegue, prende e em ultima estancia mata os principais dirigentes. Dirigentes estes que com estratégia correta, pode poder guiar o proletariado até o final com os seus objetivos históricos a expropriação da classe burguesa. Este ataque que resulta numa perda para os trabalhadores e os demais setores da sociedade, fortalece a burguesia que tem medo de perder a propriedade privada daqueles que fato produzem.

Porém vale lembrar que o conteúdo da universidade é poli – classista, ou seja dentro dela se tem desde trabalhadores e diversas camadas da pequena burguesia até alguns setores da burguesia. Entendendo esta especificidade da universidade, temos que entender que num momento de polarização dentro dela como vive a USP existem nada mais do que duas saídas para ela : Uma é da burguesia e a outra dos trabalhadores. A pequena burguesia se divide, de um lado ela vai para lado dos trabalhadores e de outro ela vai para o lado da burguesia. Fica claro esta polarização quando vemos cada estratégia que os setores assume.



A reitoria de maneira oportunista aproveita do assassinato do estudante da FEA para colocar a policia dentro do campus universitário.  A burguesia para legitimar os seus interesses, cria um plano abstrato colocando que os seus interesses é idêntico aos interesses de toda população ou seja a policia esta mesma policia que está ligada ao trafico que dá milhões e milhões para  a burguesia que sob o morro nada mais do que menos do que reprimir os trabalhadores e o povo pobre. A única conclusão que se pode chegar é que a reitoria e o governador do Estado de São Paulo é que estes querem impor o seu projeto a força aos seus inimigos.

As consequências deste projeto são bem claras. Restringir a universidade aprofundando o seu caráter elitista, racista e homofobica como vira e mexe vimos vários casos de pessoas jogando fezes em homossexuais, os poucos negros da universidade sendo espancados em festa e o famoso caso da medicina quando estudantes que hoje são médicos afogam e matam um estudante japonês como ‘’boa vindas pois ele seria um ‘’privilegiado por entrar na maior universidade da américa latina’’. Este mesmo projeto de universidade  na qual vira e mexe acontece tais atos grosseiros serve para excluir os trabalhadores e os seus filhos de trabalhadores de estudarem dentro da universidade.

De acordo com eles próprio dizem, a universidade está a serviço dos interesses do ‘’mercado’’ ou em outros termos de servir mão de obra para a burguesia poder ter uma taxa de lucro cada vez mais alta.  Analisando a particularidade do Brasil e a sua posição em relação ao mercado mundial, a burguesia precisa de mão de obra precária para poder acumular cada vez mais. Com esta logica de estar a serviço do interesse de lucrar mais, a burguesia gera diversos problemas como falta de médicos, professores (como se expressa no Estado de São Paulo onde tem uma imensa falta de professores nas escolas), estradas cheias de buraco, não ter nenhum arquiteto que resolva os problemas de enchente dos morros e em relação para poder pensar e resolver os principais problemas de doenças existentes.

Estes mesmos burocratas que levam a cabo este projeto de universidade, são os mesmos que estão envolvidos ou suspeita de envolvimento de casos de corrupção como é o caso do PSDB principal aliado ao DEM e até as compras milionárias de tapetes na Faculdade de direito e até a suspeita de receber dinheiro  do governo e do fato de Rodas estar ligado com ninguém menos do que Carlinhos Cachoeira.  A economia determina a politica ! Isso significa que a burguesia da grandes agrados para a burocracia (fazendo com que ela se transforme até em burguesia) para ela estar a serviço dos seus interesses.

73 processados x Ditadura Militar.

A lei da anistia ampla, completa e irrestrita fez com que os torturadores fossem anistiado continuando a sua carreira politica dentro do Estado Burguês. É o caso de Paulo Salim Maluf, José Sarney e dentre muitos outros que ainda assume cargos da burocracia de Estado importante. Se para a burguesia é preciso pessoas ‘’competentes’’ para poder administrar os seus interessantes, nada mais do que interessante para ela colocar pessoas que torturaram trabalhadores e aqueles lutavam contra ditadura, procurava silenciar, calar e perseguir aqueles que fazia criticas ao regime militar e o seus opositores. Estes mesmos indivíduos que hoje estão envolvidos com casos de corrupção, são os mesmos que fazem o Brasil carregar vários resquícios da ditadura militar como se expressa na atuação da policia que mata indivíduos que estão rendidos.

Uma destas pessoas que estava envolvidos com a ditadura militar é o atual reitor Rodas que defendeu o Estado na época da ditadura militar contra Zuzu Angel que teve o seu filho torturado e morto na ditadura.  Esta mesma USP que mantém o seu regimento interno de 1973 (poucos anos depois que foi formulado o AI -5) na qual o seu formulador foi antes o reitor da Universidade de São Paulo.  Ou seja, podemos concluir que toda estrutura de poder da USP é fruto da ditadura militar que se manteve com a transição pactuada. Um forte exemplo é o atentado a sede do SINTUSP, sindicato este que tem um histórico de resistência contra os projetos privatista e elitista da reitoria.  Defender os 73 processados é se voltar contra os resquícios da ditadura militar.

Tanto na USP, Tanto nos morros a PM cumpre o papel de reprimir.

Para hoje entendermos a questão da PM nos morros, primeiramente temos que entender a questão negra no Brasil. Quando os negros ganharam a sua liberdade jurídica e com isso deixaram de ser escravos (deixaram de ser um pertence de uma determinada pessoa), não ganharam nenhum direito e não tiveram nenhuma garantia de vida. Junto a isso, com a vinda dos imigrantes para poder trabalhar no Brasil (com a visão utópica que o Brasil seria o paraíso prometido).  Por sua vez, a formação da Burguesia Brasileira foi diferente da formação da burguesia francesa. A burguesia francesa cumpriu um papel progressista da Historia, a Burguesia Brasileira já nasceu conservadora politicamente.

Frente a esse aspecto histórico na formação do Brasil, quem ocupa uma grande parte dos postos precários de trabalho são os negros em conjunto com as mulheres e a juventude. São justamente estes mesmos setores que estão nos morros, que devido ao postos de trabalho precário tem suas casas com condições precárias e são reprimidos também pela a policia. Esta mesma policia que sob o morro, para poder submeter estes setores as condições de trabalho precário e fazer com que não questionem a sua condição de vida.

Se o Rodas for até o final com o processo dos 73, punindo aqueles que estão lutando contra o seu projeto privatista ele só iria fortalecer e assim ganhar força pra conseguir concretizar o seu objeto.  Com isso a USP continuara ser uma universidade a serviço dos ricos, com uma estrutura de poder podre e totalmente autoritária.  É preciso que as organizações de esquerda, organizações de direitos humanos, organizações estudantil e sindical e todos os setores que se reivindicam progressista e democrático se solidarizem e coloquem uma campanha em defesa e o cancelamento por completo dos processados.

Um comentário:

  1. OS ESTUDANTES PROCESSADOS DA UNIFESP REPUDIAM OS PROCESSOS POLÍTICOS E SINDICÂNCIAS INTERNAS
    CONTRA OS 73 ESTUDANTES E FUNCIONÁRIOS DA USP

    CONTRA OS RESQUÍCIOS DA DITADURA MILITAR

    FORA PM DAS UNIVERSIDADES E DO MUNDO!

    Nós, estudantes processados da UNIFESP, nos manifestamos por meio desta moção, em apoio aos 73 estudantes e funcionários (diretores do Sintusp e Adusp, sindicatos dos técnicos e docentes) da USP, que lutam contra a privatização do ensino superior público e contra os resquícios da Ditadura Militar. Repudiamos os processos políticos e sindicâncias contra os estudantes e funcionários que estão lutando contra todo o projeto corrupto da burguesia, que se utiliza de argumentos fascistas para dar legitimidade as suas atitudes ditatoriais dentro da Universidade. Apoiamos o movimento Uspiano que está denunciando a postura fascista do Reitor João Grandino Rodas que fere a autonomia universitária, esta mesma postura, traz a legalidade para que as forças do Estado interfiram nas questões da Universidade, reprimindo quem é contra o seu projeto de privatização, o qual deixa mais evidente o caráter elitista da USP, tanto idealizado pelo Estado Burguês, aumentando o número de ações racistas e homofóbicas dentro da Cidade universitária. Presenciamos a repressão contra o Movimento estudantil em nosso campus de humanas, através da truculência da PM, assim como ocorrido várias vezes na Universidade de São Paulo, e deixamos claro que somos TOTALMENTE contra a Polícia Militar, que ao invés de proteger, ataca a população, principalmente nas periferias e nos movimentos sociais. Sendo assim, temos como legítima toda a movimentação que está sendo criminalizada e exigimos a retirada dos processos políticos e sindicâncias, que visam a expulsão, suspensão ou repressão dos estudantes e funcionários.

    Comando de Greve Unifesp/Guarulhos

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